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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Retrato de um paraíso a preto e branco

A aldeia de Canaveses foi uma das muitas vitimas dos incêndios que destruíram o pais, no passado mês de Agosto.
O Incêndio que se Consta que começara para os lados de Vale de Égua, chegou mesmo a colocar casas em perigo na aldeia do Cadouço.

O fogo chegou mesmo ameaçar algumas habitações 
Contraste de alguma vegetação verdejante 
Mesmo assim parece haver vida na destruição

terça-feira, 16 de julho de 2013

Igreja Canavezes

Foto: Elaine Martins 

A igreja de Canavezes é um templo de arquitectura românica, supõem-se que a sua a sua construção seja do século XIII, tal como a maior parte das igrejas de Trás-os-Montes de planta longitudinal com 1 nave contrafortada.

As igrejas desta região dependiam muito do quadro social, económico e político em que se desenvolveu como a região denominada; Trás-os-Montes que fora uma região pobre economicamente, dai não possuir grande variedade de técnica.

 É caracterizada pela robustez (dada pelas paredes grossas, pelos contrafortes salientes e pelo uso da pedra aparelhada); pela grande sobriedade e austeridade, a nível formal e decorativo, pela cobertura com um telhado de duas águas; pela utilização do arco de volta perfeita.

Foto: Célia Lopes
No interior o telhado era de madeira policromada com decoração mural neoclássica. A pintura do telhado interior chegava a ser pedagógica, encontrando-se ao serviço da religião, transmitindo os ensinamentos e os princípios fundamentais da doutrina cristã, assim com passagens da biblia, que desapareceram com as obras de restauro.As naves estão ligadas através de dois arcos de volta perfeita classicistas e, tal como o resto da igreja, estão revestidas por um lambril em azulejo. Sobre o portal principal encontra-se o coro, ao qual se pode aceder por uma escada junto à porta principal.



A igreja, símbolo da espiritualidade da época, poderia ter estado ligada a uma ordem religiosa a um padre mais concretamente. Supõem-se que tenha estado directamente ligada á casa centenária que hoje pertence ao Sr. José Canavezes, dai similaridade dos telhados trabalhados que existiram outrora.



Os materiais usados nas construções religiosas,  foram as existentes em cada região: no Norte do país foi empregue o granito; ao contrário do que o acontece no Centro, o calcário; e no Sul o tijolo e a taipa;

Supõem-se que já tenha sido mandada rectificar mais que uma vez, sendo que a ultima vez tenha sido pelo Sr. Toninho Valpaços.

Padre Ismael
Foto: Célia Lopes

O românico português possui características fortemente rurais e está ligado à construção de igrejas de reduzidas dimensões, que dependendo da região, se revestiam de maior ou menor qualidade técnica e exuberância formal e decorativa;

Espaço: Rural, não isolada, encontra-se em terreno nivelado, envolvida por casas de habitação, com proximidade do ribeiro. Possui adro lajeado e empedrado a cubo granítico.

De destacar um homem que fez muito por esta igreja doando as suas terras á igreja, Isac Moraes é o seu nome, cujo o seu nome ainda se encontra nas portas do átrio da igreja.
Também o trabalho e dedicação do Padre Domingos que foi pároco desta freguesia e serviu a sua população, um agradecimento da comunidade mais jovem.
E por ultimo e não menos importante o Padre Ismael, que é um padre natural da aldeia e filho da terra.

Padre Domingos

O padroeira desta freguesia Nossa Senhora do Ó e a Senhora da Especulação.


Na altura da festa religiosa, as romarias transformam a pequena igreja numa enorme catedral de fé. O Santo Padroeiro e a hospitalidade das pessoas desta aldeia olharão por si durante a sua visita.



NOTA: A informação publicada disponível sobre esta igreja é muito parca, de momento não disponho de mais informação sobre a igreja em si, tipo ano de construção, mas logo que oportuno serão actualizadas nesta página. Quem eventualmente dispuser dessa informação, agradeço contacto para o email do meu perfil. Desde já obrigado.

Ricardo Ramos

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Cerca dos Mouros - Canaveses


A Cerca dos Mouros, como é popularmente conhecida, é uma antiga fortificação situada na freguesia de Canaveses. Apesar do nome, esta estrutura não pertenceu aos mouros salvo, barberes, sendo na verdade, um castro construído em épocas anteriores.

Trata-se de um castro, de pequenas dimensões, localiza-se na transição entre o microclima da Terra Fria e da Terra Quente. A ocidente, o território é marcado pelos xistos e caracteriza-se pela maior pluviosidade e temperaturas mais baixas, típicas da Terra Fria. A oriente, o granito predomina, aproximando o clima da Terra Quente, com verões mais quentes, menor pluviosidade e invernos rigorosos (Pereira & Machado, 2020).

A fortificação combina muros de quartzo com muralhas naturais. De acordo com o mapa de Sanchez (2008), nas proximidades encontram-se outros locais de interesse arqueológico, como a mamoa do castelo e dos Burralheiros (monumentos megalíticos funerários), castro de Palheiros e cerca de 230 outros sítios arqueológicos que integram as estações da pré e proto-história, incluindo povoados, arte rupestre e abrigos.

A construção da designada Cerca dos Mouros remonta possivelmente à Idade do Ferro, que decorreu mais de 1000 anos antes de Cristo. Embora exista a possibilidade de ter sido reutilizada por outros povos, como os romanos, não há estudos arqueológicos que confirmem essa hipótese. Certo é que as paredes hoje em ruínas foram erguidas há muito tempo.

Vista aérea cerca dos mouros, através de software. créditos: Ricardo Ramos 2025


 No interior do castro, foram encontrados vestígios de cerâmica, possivelmente datados da Idade do Ferro ou do período de romanização, o que evidencia uma ocupação prolongada e significativa.

A localização da fortificação, no topo de um monte na fronteira entre as aldeias de Canaveses e Vale de Égua, oferecia uma defesa natural e um controlo tático sobre os campos envolventes. As formações rochosas e grandes calhaus funcionavam como muralha natural, reduzindo o esforço necessário para a construção. Perto da fortificação corre uma ribeira a norte, mas de grande declive desde a linha de água até ao castro, presumo que épocas mais remotas, possivel ter existido um estradão. 
Pormenor possível, através de software. Ricardo Ramos 2024



As habitações do castro são circulares, com diâmetros entre 5 a 8 metros, construídas em pedra.
Atualmente, o local encontra-se abandonado. Muitas das pedras da muralha foram levadas pelos habitantes das aldeias próximas para outros usos, o que dificultou a preservação da estrutura. Ainda assim, é possível perceber como a muralha protegia as pequenas habitações. Estima-se que a muralha, particularmente na parte oeste, teria uma altura considerável antes da pilhagem das pedras.



Reconstituição infiel do periodo Romano, através de software, Ricardo Ramos 2024 


Infelizmente, nunca foi realizado um estudo arqueológico no local. Existem relatos de habitantes locais encontraram artefactos antigos. Após o incêndio de 2012, a queima da vegetação revelou o sítio a detectoristas que pilharam o local. Moedas de baixo valor, algumas em mau estado, foram encontradas, incluindo exemplares com a imagem da loba capitolina com Rómulo e Remo.

O acesso à Cerca dos Mouros faz-se pela aldeia de Canaveses ou pela estrada 314, perto de Vale de Égua. Por Canaveses um estradão de terra batida leva até ao sopé do castro. A carta arqueológica do concelho de Valpaços não faz referência a este local. Após o incêndio, houve intervenções humanas, como a plantação de castanheiros e o desenvolvimento da apicultura, evidenciando a atividade agrícola crescente.

O local destaca-se pelas suas construções circulares e pela paisagem envolvente.  Apesar da sua importância histórica, a Cerca dos Mouros permanece sem a devida atenção científica e arqueológica, salvo este modesto artigo, que procura dar-lhe alguma visibilidade.


Ruínas do que resta da muralha da "Cerca dos Mouros" dá para ter ideia da grossura da muralha.


Paisagem Envolvente; vista do cimo da "Cerca dos Mouros"
No percurso para a Cerca dos Mouros somos acompanhados pelo Rio Lila que corre em direcção á aldeia, este proveniente do vale de Revides perto da aldeia do Castelo
Riacho




Muralha Natural









Carta arqueológica